Wednesday, January 31, 2007

O Antinomianismo


As Portas da Percepção foram o sonho de uma geração efervescente, mas onde anda o brilho do conhecimento e sabedoria prometidos, já abrimos as portas da percepção?...ou teremos de as escancarar, todos os dias na nossa vida, em direcção á iluminação,em direcção a um pouco mais de sabedoria a cada passo?...

As batalhas existem em todas as gerações sob variadas formas, nos anos 60 e 70 lutou-se por novas ideias, politicas e filosofias, os nossos pais deixaram-nos um legado para prosseguirmos o Caminho.

O Caminho mágico é uma travessia de paixão ao longo da vida e o seu brilho é vivido intensamente, a desmotivação tem de ser vencida todos os dias qual teste do nosso Adversário pela veracidade da nossa paixão, da nossa mais visceral motivação. No entanto em determinada altura questionamo-nos sob o tipo de acções a tomar com os novos cohecimentos adquiridos, como direccionar ou aplicar a Arte que tanto nos cativa, desencadeando por vezes uma viajem alucinatória e de transmutação mágica, ideal e moral que nos coloca em encruzilhadas mágicas ao longo da vida, verdadeiras crises mutagénicas que adquirem um carácter altamente pedagógico.

O véu moral e castrador adquirido durante a nossa educação é tão subtil que o encaramos como nossa personalidade e teimamos valentemente contra o contrário, no entanto a dificuldade inerente á evolução nas nossas vidas é uma capacidade extremamente dificil, e no entanto tão simples, a capacidade de ser crítico. Ao se adquirir a capacidade auto-crítica descobrem-se meandros incríveis de gestos, opiniões e hábitos com os quais não concordamos verdadeiramente. Este quotidiano moral e enclausurador dificulta a libertação dos nossos variados egos (ou personas segundo a origem grega na qual cada um de nós é contituido por várias personas, ou seja pessoas ou personalidades) , dificulta um acesso adequado a nós mesmos, dificultando consequentemente um trabalho mágico adequado. Por isso há uma ferramenta mágica, a trangressão. O antinomianismo sagrado é profundamente libertador, sabemos bem que os medos provêm do desconhecimento e por essa razão teremos de dar o salto no vazio, o salto no medo e enfrentarmos novos mundos, novos limites, o sacrilégio, a heresia. Destroi-se toda uma vida interior padronizada por uma cultura que nos modelou à sua imagem subtilmente ao longo do tempo, e descobrimos uma consciência mais alargada de nós mesmos e do que nos rodeia, é então uma exorcisação dos impulsos repressores que nos foram impostos directa ou subliminalmente que reprimem o nosso verdadeiro eu, podemos então renascer agora de forma mais verdadeira.

No entanto com a proibição e preconceito em relação à Bruxaria permite que só a sua actividade é, por si só, um acto de transgressão libertador potenciando a sua vivência sagrada e mística. Mas quem conhece apenas de forma superficial estes métodos poderá concluir de forma errónea e precipitada que estas ideias são profundamente satânicas. Crowley disse em 1933 que “Para praticar magia negra você tem de violar todo o principio da ciência, da decência e da inteligência”, ora compreede-se que o antnomianismo é importante nesta técnica mas deve ser utilizado com moderação funcionando como utensílio e não como objectivo final ou fundamental, é meramente um meio de auto-libertação sob o meu ponto de vista. A sua utilização como objectivo final e fundamental é um conceito antiquado gerado pela resposta de afirmação em relação a educações viemente cristãs repressoras que no mundo ocidental actual já se torna antiquada, não nos basta uma afirmação adolescente em relação ao cristianismo, esse é meramente o ponto de partida para se começar um estudo esotérico interessante. O que sucede é que existem muitos auto-denominados satânicos que utilizam esta técnica para fins francamente medíocres ou insanos abrangendo limites de origem criminal chamando nesse momento a atenção para esta matéria tão pouco conhecida e mitificada com conotações negativas. No entanto destas ocorrências derivam falácias descaradas, o facto de os individuos serem insanos é por mérito próprio e não por influência das suas práticas assim como a mediucridade subjacente a práticas juvenis e ignorantes do falsamente chamado “satanismo”. Pode diferenciar-se o satanismo de vertente cristianizada e de outras vertentes pagãs, existe também o satanismo tradicional e o moderno no entanto por hora não vou desenvolver este tema.

Não resisto a aqui deixar um texto de Thoreau, que todos conhecemos em The dead poets society.

Excerpt from Walden - Henry David Thoreau

“I went to the woods because I wished to live deliberately, to front only the essential facts of life, and see if I could not learn what it had to teach, and not, when I came to die, discover that I had not lived. I did not wish to live what was not life, living is so dear, nor did I wish to practice resignation, unless it was quite necessary. I wanted to live deep and suck all the marrow of life, to live so sturdily and Spartan-like as to put to rout all that was not life, to cut a broad swath and shave close, to drive life into a corner, and reduce it to its lowest terms, and if it proved to be mean, why then to get the whole and genuine meanness of it, and publish its meanness to the world; or if it were sublime, to know it by experience, and be able to give a true account of it in my next excursion. For most men, it appears to me, are in a strange uncertainty about it, whether it is of the devil or of God, and have somewhat hastily concluded that it is the chief end of man here to "glorify God and enjoy him forever."

Para sermos verdadeiramente livres a nossa mente tem de ser livre e para isso acontecer temos de libertar a nossa mente dos “pré-conceitos” istalados subrepticiamente na nossa mente ao longo da nossa educação e do nosso desenvolvimento, só então consegimos ser verdadeiramente críticos, e mais verdadeiros conosco e com o que nos rodeia, mas iluminados, atrevo-me a dizer mais luciferinos. Utilizo este termo deliberadamente pois o verdadeiro lucifer, etimologicamente o portador da luz, essa luz do conhecimento que necessita de uma destruição do ego para não nos destruir pelo fogo da sua sabedoria é a liberdade e o conhecimento que nos tranformam nesse homem evoluído, nesse homem que transporta a luz do conhecimento impunemente sem orgulho ou prepotência, é aquele que se auto-melhorou se atreveu a auto-transformar no que pensa que é o melhor de si quando o discernimento já está livre da influência perniciosa das hábitos standarizados, preconceitos perniciosos para a nossa evolução interior, para o nosso verdadeiro e prometido Quinto Império. Há que renunciar aos dogmas, há que ver o mundo por nós mesmos com o nosso verdadeiro olhar, não pelo que outrem indica que é verdadeiro e adequado, há que nos reiventarmos a nós próprios e reivindicarmos a nossa verdadeira herança.

Babalon

1 comment:

dragao said...

Para compensar o longo comentario deixado ao blog anterior, este fica + curtinho.:):)
" A little Learning is a dang'rous thing;
Drink deep, or taste not the Pierian spring;
There shallow draughts intoxicate the brain,
And drinking largely sobers us again.
Fir'd at first sight with what the Muse imparts,
In fearless youth we tempt the heigths of Arts,
While from the bounded level of our mind,
Short views we take, nor see the lengths behind;
But more advanc'd, behold with strange surprise
New distant scenes of endless science rise!"

Alexandre Pope (1688-1744), " A Little Learning"

Deixo também uma pergunta para pensares, porque e que tu achas que Lucifer caiu?

dragao
xxxxxxxx