Tuesday, April 17, 2007





O Culto dos Mortos

As questões fundamentais da vida e da morte perturbam-nos ainda qual ferida infecta arquetipica do humano. E a vida após a morte...

Uma outra face do vampirismo relaciona-se com os cultos primordiais da humanidade, o culto dos mortos.

Certas vertentes abordam como desenvolver, alimentar, animar o corpo etérico, o que deixamos para lá da carne e dos ossos e do sangue...

Há que alimentá-lo, desenvolvê-lo treiná-lo até se tornar uma entidade independente. Durante a vida ir sorrateiramente pousando um pé na morte, para durante a morte ter um pé na vida.

O culto dos Mortos ainda hoje permanece vivo e de boa saude no mundo, nomeadamente em Portugal. As flores cripticas do cemiterio e a devoção dos parentes e amigos que continuam a relembrar os seus parentes e amigos mortos, os seus mortos anima-nos, no sentido de dar vida, conferem-lhe então um pouco dessa vida vagueante após a morte.

Como se pode ver estas técnicas de carácter vampirico estão profundamente enraizadas na nossa cultura, ao nome de vampirismo atribui-se o mal, ecos ainda das reminescências beatificas dos padres que martelam a maldade do que sempre esteve intrinseco na humanidade, o sentido de culpa de algo que é verdadeiramente humano...

Portão do cemitério dos prazeres ás 8:00 da manhã ao sábado, no frio matinal, uma multidão e flores coloridas amontoam-se á sua entrada mal os portões se abrem a multidão corre para os seus entes queridos cuidando das suas campas da sua dignidade, da sua saudade, as flores moribundas que alimentam os mortos com a sua vida escorrente e licorosa são renovadas e a sua inocência e odor decrépito emolduram essa união mistica dos mortos e dos vivos em amor e terror ancestrais, em saudade, em perpetuação intima e mistica como desde o inicio dos tempos.

Não são as fantasias de Ann rice com os seus belos e terrificos vampiros a que me refiro, mas uma vivência bem mais intima e fundamental...

Quanto ás maravilhas recantos e mistérios das missas negras vermelhas e de ouro, por ora nada digo...pois o mistério é o condimento da vida...e da morte.


Babalon

Wednesday, January 31, 2007

As Visceras das Paixões




Existem pessoas neste mundo que apresentam uma sagacidade profundamente hemorrágica, atingindo e tocando na Verdade e pagando o seu preço ardendo na loucura. Curiosamente está escrito no livro Mahavakyaratnamada “o conhecedor da verdade deveria andar pelo mundo aparentemente estupido como uma criança, um louco, ou um demónio”. Essa é uma verdade, pois não vemos pela sua perspectiva alterada. Mas para mim é tão doce ver os loucos, os artistas e os génios na sua própria deambulação brilhante em convulsões de verdade terror e profundo prazer, vendo com olhos de cego mais claramente o que nós cegos nao vemos e anseio por me contaminar desse fervilhar desse transcender por fenómenos estranhamente osmóticos.

Na literatura, na música, na arte, na religião, continuam a nascer e a morrer iluminados nos nossos dias e muitos deles vão nesse mundo despojados de tudo menos da sua verdade demente e absorvente. A sua música faz-me viajar durante anos num minuto, segundo a relatividade de Einstein, as perspectivas e as cores provocam-me para explorar, a literatura vicia-me qual branca de neve intravenosa sagaz e desnudante. E os demónios deste mundo, são tão aterradores... espelham os nossos próprios demónios e esse terror primal é um estigma básico adjacente à ilusão de que podemos e devemos ser beatificamente puros, quais ovelhas no altar de sacrificio. Revelação: não somos, nem temos de ser , nem devemos ser só bons e puros e os nossos demónios podem dar-nos a mão como os nossos anjos se os conhecermos. O que é extremamente interessante é que estes fundamentos residem na Paixão. E uma senhora um dia ensinou-me, no meio de uma aula de poesia medieval, que as paixões não são sentimentos bons, ensinou-me que a paixão é um sentimento intenso, intensamente bom ou mau, por uma pessoa, um objecto ou ideal, tão visceral que leva a últimas consequências...e que portanto o ódio também pode ser uma paixão...que estranha e maravilhosa patologia.

As grandes paixões são no entanto um reflexo primitivo da necessidade de re-união inerente á busca de satisfação da experiência do uno. Existem muitos mitos que descrevem alegorias sobre o assunto. A polaridade dos dois sexos permite uma eterna insaciedade pela fusão, pela união num só ser permitindo assim o contacto com o divino que é satisfeito durante o momento do orgasmo, que se torna uma verdadeira religião, uma religio na verdadeira acepção da palavra, re-ligação ao divino, ao profundo prazer de união com o vácuo.

No entanto a polaridade que deve ser primariamente satisfeita é dentro do nosso próprio microcosmos. A polaridade dos dois sexos deve ser satisfeita pela vivência do nosso sexo oposto interior. O único parceiro do sexo oposto que nos vai permitir uma plena sensação de união divina e satisfação dessa ânsia, não é mais que o nosso eu do sexo oposto interior, pois cada um de nós tem essas duas polaridades dentro de si.

Satisfeita esta condição não nos tornamos inumanos, nem justifica um eterno celibato castrador emocional e fisico, pelo contrário, permite uma maior autonomização livre da doença da necessidade de absorção quase aglutinadora do objecto de paixão, permite uma vivência mais equilibrada da necessidade básica humana da polaridade dos sexos.Muitos há, que o realizam através da união com incubus ou sucubos, seres artificiais e demais...

No entanto apesar deste intelectualizar de algo tão sagrado, surpreendente e visceral que é a paixão, é através de doses de paixão que o nosso corpo tão bem nos droga hormonalmente, convence até nos rendermos ao corpo e ele nos absolver em pranto, desespero e êxtase.

A sua vivência é tão intensa que se viaja da morte a vida num segundo, por um gesto um movimento ou uma palavra, mergulham-se em subtilizas e doces obcessões, doenças psicológicas tão viciantes como as drogas do corpo que fazem adolescentes deseperar de lábios trémulos e húmidos à beira de um abismo que o tempo esventra e pincela num inócuo e insubstancial. Pode dizer-se que a paixão é uma doença, qual patologia que dá brilho e negrume á vida, é o que move toda uma humanidade numa viajem psicotrópica e glândular, tal é o poder da hipófise que move mundos.

Fora a vivência visceral da paixão, só a voz o poeta rouca para a transmitir e a relembrar num abalo tremeluzente, numa violação contínua das memórias e dos sentidos, lembrando sempre que neste mundo a dor e o prazer andam de mão dada e que são ambos tão fecundamente enriquecedores ao estilhacerem toda a vida e toda a morte desejada.

E agora Al Berto...


e ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
deixas viver sobre a pele uma criança de lume
e na fria lava da noite ensinas ao corpo
a paciência o amor o abandono das palavras
o silêncio
e a difícil arte da melancolia

...e crescerei das fecundas terras ou da morte
que sufoca o cio da boca.....
....subirei com a fala ao cimo do teu corpo ausente
trasmitir-lhe-ei o opiáceo amor das estações quentes.

Babalon

A Mulher Escarlate - Parte I - “Cavalgando em Prazer Blasfemo sobre a Besta”

Ainda hoje encontramos mitos da mulher escarlate na cultura ocidenal, mesmo em terras mais recônditas este nome está associado a um mito a prostituição subrepticia ou a mulheres que transgridem as regras morais da sexualidade estabelecidas, mas o mito já é o antigo conceito denegrido por motivos históricos, politicos e sociais já que muitas vezes implica a venda do corpo e a degradação. No entanto, por vezes, este nome remonta a um sentimento mitificado da mulher cuja luxúria encanta e deslumbra, é velada e apesar de temida é permitida pelas próprias comunidades que admitem o papel social e mítico que elas representam. A palavra prostituta significa querida, cara, a bem amada, ela não implicava originalmente nenhuma censura moral nem era associada a mulher ordinária, fácil e vendida. Estas mulheres podem ser a prostituta da terra por opção e luxuria ou mesmo a mulher que nunca se casou e vai entrando subrepticia e sexualmente na vida de todos os homems dessa comunidade. No entanto penso que isto são simplesmente reminescências de um papel bem mais antigo, mais complexo e mais importante representado por mulher da Antiguidade.

A base das Tradições Ocultas ocidentais são os mistérios egípcios e caludeus alguns dos seus elementos fundamentais são Nuit, Hadit, Raa Hoor Khuit, Abrahadabra, Therion (a Besta) e Babalon (a mulher escarlate). Nuit,o Arquétipo primordial da noite infinita do universo e do céu noturno é considerada o dragão das sete estrelas, tornou-se eventualmente na mãe do mal primordial, mãe feiticeira, deusa da noite e dos ritos negros e infernais. Nuit terrena é Ísis, a Mulher Escarlate Crowley disse uma vez que “qualquer mulher que tansmita a palavra solar ou a partícula Hadit” pode tornar-se numa mulher escarlate. No Livro da Lei Hórus é filho de Nuit, que é concentrado no senhor da baqueta de duplo poder (Hru-Machis) combina Set e Hórus no deus unificado que possuiu atributos gemeos: Hoor-paar-kraat e Raa-hoor-khuit. Estes aspectos da adoração estão a retornar na sua forma pré-monogâmica da sociedade quando a Besta e a Prostituta se unem “em prazer blasfemo”. O útero da Mulher Escarlate é a cidade da Besta, Babel, Babylon ou Babalon, que remonta ao significado de Babalon, “O portal do sol”, sendo este o seu útero na união sagrada com a Besta, o poder solar fálico.

Babalon, a mulher escarlate, é o Avatar terreno, sacerdotisa das “estrelas”, ou seja dos dos kalas que origina, que são as emanações sagradas da mulher magicamente treinada. De igual modo a Besta, por complementaridade, é o veículo da corrente solar, da força masculina simbolizada pelo falo. Babalon, a Mulher Escarlate, é a estrela de sangue, o rubi estrelar típico do Norte para onde Iezides se voltavam quando invocavam o seu “diabo”. Babalon de que falamos difere da Babalon referenciada na Bíblia pois esta é ja uma visão distorcida e asssociada á prostituição, a Tradição foi melhor conservada nos Tantras da India e Tibete em cerimonias onde se utilizam os kalas, que são os fluidos que exudam de uma sacerdotisa devidamnete treinada, só uma Mulher Escarlate (Fórmula equivalente ás Suvasinis que sao consideradas mulheres com um cheiro doce e perfumado) produz kalas que podem ser usados com propósitos medicinais ou mágicos, em Thelema a Besta devora os Kalas e trasforma-os em ojas preciosos. A rosa de cinco pétalas é tipica da mulher Babalon pois o seu seu flúido ou flor é os símbolo da sua função mágica, a rosa de cinco pétalas unida com o Santo Hexagrama da Besta forma a estrela secreta da magia. A fórmula da fénix é a estrela de Hórus ou a de Babalon com sete raios do planeta Saturno (Set) que rege a casa de Aquário. Segundo Crowley “a fórmula de Babalon é a constante copulação ou Samadhi sobre tudo”.Babalon é “a chama da vida: o poder da escuridão; ela destrói com um piscar; ela pode tomar a alma. Ela se alimenta da morte dos homens”.

A visão de Crowley baseou-se na leitura da Bíblia quando era criança e leu no Livro da Revelação de São João capítulo 17:3-6 :

“So he carried me away in the spirit into the wilderness: and I saw a woman sit upon a scarlet coloured beast, full of names of blasphemy, having seven heads and ten horns. And the woman was arrayed in purple and scarlet colour, and decked with gold and precious stones and pearls, having a golden cup in her hand full of abominations and filthiness of her fornication: And upon her forehead was a name written, MYSTERY, BABYLON THE GREAT, THE MOTHER OF HARLOTS AND ABOMINATIONS OF THE EARTH. And I saw the woman drunken with the blood of the saints, and with the blood of the martyrs of Jesus: and when I saw her, I wondered with great admiration.”

E a versão de Crowley foi ilustrada no tarôt de Toth e descrito da seguinte forma:

“She rides astride the Beast; in her left hand she holds the reins, representing the passion which unites them. In her right she holds aloft the cup, the Holy Grail aflame with love and death. In this cup are mingled the elements of the sacrament of the Aeon” (Crowley 1981, p. 94).

No culto primordial de Shaitan no antigo egipto, como no de Thelema, o papel da mãe solteira ou prostituta é exaltado sobre todas as outras expressões do principio femenino e denominavam-se portanto Prostitutas Sagradas. Tinham um estatuto elevado na sociedade egípcia pois eram associadas ao poder da Deusa, algumas usavam vestidos de rede de azul fainça, pintavam os lábios de vermelho, tatuavam os seios, as ancas e por vezes andavam totalmente nuas, provavelmente fariam parte de uma iniciação à idade adulta não podendo o rapaz casar sem passar pela experiência transfiguratória com a Mulher Escarlate Sagrada no entanto há que salientar que não eram pagas, elas representavam um papel sagrado na sociedade de então.

O papel da Mulher Escarlate sofreu resultado de uma mudança social primitiva pois o culto da Grande Mãe foi degradado e tornou-se na Grande Prostituta, ela recebeu todos e não podia saber quem era o pai de seus filhos eles eram orfãos e bastardos. Ao mesmo tempo que esta alteração sucedeu contagem luni-solar do tempo foi substituída pela contagem estelar, a paternidade substituiu a maternidade na mitologia, religião e sociedade estabelecendo-se a regente falocaracia até aos dias de hoje. A Mulher Escarlate, a mulher do sumo da lua, é soberana na magia, torna-se oracular no eclipse lunar onde um portal é aberto e a energia solar-fálica do mago inunda a escuridão com luz do sexo que Nagloska falou.Crowley descreveu “ a Mulher Escarlate , cavalgando sobre a Besta, esta indo, bebendo o sange da vida dos santos; adúltera; a senhora da mudança, da energia da vida: enquanto que a mulher modesta, maria inviolada, está trancada, estagnada; impotência e morte...”

Por outro lado a fórmula da prostituta esta ligada á lua da feitiçaria, á magia negra envolvendo entidades ctónicas e estéreis como Équidna, Lilith, Melusine, Lâmia, certos aspectos de Kali, Kundre, “e a natureza das fadas em geral”. O que aproxima bastante a imagem popular da prostituta como veículo de luxuria estéril e vampirica. O que é diferente da verdadeira, imagem da prostituta bem amada e querida, ela não pode formar um portal através do qual o mago é capaz de contactar fontes de real poder, o poder dela é limitado ao mundo do glamor, ilusão e mundos traiçoeiros do mundo astral que tangeiam as qliphotes, o mundo das sombras. Qliphotes é o plural de qliph que significa merettriz e o seu poder é diferente do da virgem cuja função é de Inspiração.


Qualquer mulher adequadamente treinada se torna oracular no sentido que se aplica á Mulher Escarlate, assim também qualquer homem adequadamente treinado e magicamente consagrado pode desempenhar o ofício da Besta. A Besta significa a tranmissão não individualizada da energia solar (Hadit) , criando assim almas ou estrelas no corpo de Nuit.

Das três fases principais da feminilidade, a virgem , mãe e prostituta, Crowley exalta a prostituta como modelo de mulher Thelémica, a virgem representa o silêncio dos irmãos negros resultando inércia estéril da exclusividade e restrição. O Pecado significa restrição, muitos clamam que não existe pecado, a questão está se permitimos incutirmo-nos culpa pelo pecado, será ele um dogma beatífico? Ou será um meio libertação dos nossos Eus? Ser um pecador consciente com prazer, caminhar sinuosamente entre os caminhos do pecado e da santidade, pode levar a uma iluminação misteriosa e surpreendente, os caminhos da Transgressão. No entanto aprender a transgredir, a pecar, é o caminho para Caminhar entre os Mundos, ora caminhar no mundo quotidiano, ora transcender nos Caminhos da Arte, ter prazer em ambos especialmente por se ter ora o pé num, ora o pé noutro; dá-nos um gosto sublime, um prazer secreto e delicioso dessa vivência sagrada. Retomando o tema das facetas da feminilidade, a forma activa do silêncio ao contrário está tipificado pela acção e criatividade secreta operantes na escuridão, solidão, é a gestação. Crowley disse que “ a mulher é a Shakti, o Teh, a porta mágica (Daleth, a porta, Vénus), entre Tao e o mundo manifesto. O grande obstáculo é se esta porta estiver trancada. Portanto nossa Senhora deve ser simbolizada como uma prostituta, uma querida mulher que se dá a todos com a mesma devoção e paixão, dá-se por Amor á Humanidade. Fechar a porta é impedir a operação de mudança, ou seja, do Amor” como Naglowska disse “A Caminho do Conhecimento através do Amor”. Todo o livro dos mortos é um dispositivo para abrir veículos fechados e permitir a Osiris entrar e sair do Portal. Há no entanto um período definido a fim de permitir que a Mudança se desenrole sem ser perturbada onde a terra jaz incultivada já que o útero está fechado durante a gestação. “Assim a mulher modesta, a mãe, é para mim o símbolo da derrota e da morte: a Mulher Escarlate que cavalga a grande Besta selvagem, que drena o sangue dos santos em sua taça, que é adúltera, exigindo a mudança, vitória e vida”

Na união sexual trancendente, cada coito é Sagrado, ele efectua uma tranformação da consciência através da aniquilação da dualidade aparente, é também um acto iniciatório. Actos de amor sob vontade, realizados conscientemente para provocar determinadas consequências ocultas são transmutadores da consciência.

Deparamo-nos então com uma prática mágica transcendente que se repete em todo o mundo e todas as culturas, é inerente à Humanidade no entanto a sociedade ocidental há muito que condena estas práticas, mas hoje de novo se levanta sob os escombros dos credos primordiais e da herança dos nossos antepassados e mais uma vez nos lembramos dos antigos conhecimentos, nesta Era de Aquário revolvemos a terra que estava em pousio, e está fértil, caminhamos para uma conciência mais elevada nesta nova Era. O papel da mulher na sociedade deve deixar de ser temido ou repudiado, a Força do Sexo e da trasmutação é-nos inerente e há que sublimá-lo, através da união sacramental mágica potenciá-lo e activar as forças inerciais do nosso sangue e dos Arquétipos latentes no nosso cérebro. Abrir a Porta do sol, Abrir as Portas do conhecimento, alargar a conciência...Conquistar todos s dias um pouco mais o brilho de Lucifer concretizando os sacramentos dos antigos mistérios. As práticas mágicas de transmutação da conciência renascem novamente. Recuperamos novamente o verdadeiro papel e as verdadeiras caracteísticas e propriedades da Mulher Primitiva que como Ostin Osman Spare refere é a “Mulher Universal, que jaz infecunda no subconsciente da Humanidade” que foi abandonada e empobreceu o curso da Humanidade durante todo este tempo. A verdadeira Natureza da Mulher que jaz no seu subconsciênte eleva-se subrepticia e libidinosamente uma vez mais como a serpente na Árvore do Conhecimento caminhando sinuosamente através dos seus liquidos atávicos ao topo da árvore, os mistérios ctónicos femninos, de qual Pérsefone mítica, ascendem novamente ao conciente colectivo. A Mulher Universal renasce uma vez mais a partir das reminescências subliminares latentes no subconsciente, em todo o seu explendo libidinoso e mistérico, formando uma bipolaridade feminina e masculina equilibrada apesar de díspar, empurrando a Humanidade para a Evolução.

Babalon

Maria Naglowska e o Satanismo femenino "A Caminho da Consciência através do Amor"



Como se sabe desde há muito que o ocidente se tornou numa falocracia desequilibrada, por vários factores sociais e históricos, esta via de pensamento e de acção proliferou a nivel global. No entanto existiram vários esforços por parte mulheres ao longo da História que tentaram iniciar a cura desta sociedade amputada do papel femenino, estes esforços são ainda palavras levadas pelo tempo e pela História, já que esta é escrita por quem está no poder. Este facto também afecta o meio Esotérico, grandes Mulheres contribuiram e revolucionaram ideias e formas de práticas mágicas e nunca chegaram a ser reconhecidas. Tal é o caso de Maria de Naglowska que confrontou as convenções estagnadoras do destino oculto da Mulher como as convenções sociais e preconceitos que nunca passaram de voga, e a submissão femenina ao macho, sendo por obrigação, paixão ou qualquer outro motivo (ou desculpa), que continua a ser perpetuada até à actualidade. Poucas figuras do sexo femenino escaparam a este cruel e mísero destino nomes como Dion Fortune e Helena Blavatsky.

Maria nasceu a 15 de Agosto de 1883 em Sº Petersburgo, publicou dois rituais da seita por ela fundada La Lumière du sexe e Le Mystère de la Pendaison, assim como Le rite sacré de l´amour magique (1932). Realizou várias traduções inclusivé a sua fonte primordial de controversia, que não se pode chamar uma tradução pois provavelmente reescreveu à sua forma o livro Magia Sexualis de P.B. Randolf. Em 1930 cria a revista La Flèche que finalizou em 1933.

Penso que é uma lacuna lamentável, os textos de Naglowska ainda hoje são ignorados, por duas razões a primeira porque a sua revista La Flèche assim como a maior parte do seu legado não foi recuperado, não só por haver uma reduzida quantidade de exemplares como pela notória falta de interesse, já que esse facto não impediu os trabalhos de membros do sexo masculino deste meio serem conhecidos e actualmente dispersos em livros, internet e comumente conhecidos e citados. Este último ponto é portanto o segundo agoirento facto pelo qual Maria de Naglowska se mantêm numa anonimidade limitante para todos nós. Como é obvio, apesar de manter um reduto de apoiantes, no seu tempo, foi imediatamente criticada e acusada de ser uma mera cópia barata de P.B Randolf, ora é extraordinário como as ideias mediocres se perpetoam com tanta facilidade, bem sabemos que o pensamento mediocre, preguiçoso e limitativo é tipico do ser humano, todo o Universo tende a gastar a menor energia possivel, mas será possivel que especialmente num meio de estudo como o meio esotérico, em que o objectivo, a meu ver, é nos trasnmutarmos num ser humano melhor, atingirmos um estado superior de Consciência, combater essa mesquinhez, essa preguiça encefálica e carência intelectual deveria ser o nosso objectivo, no entanto esta ideia errónea acerca de Naglowska é perpetuada, muitas vezes vê-se criticada sem se sequer conhecer o trabalho da respectiva Senhora. Este exemplo de comportamento pode ser exportado para vários meios de estudos, não só os esotéricos atenção, e vemos que uma percentagem elevada de indivíduos que se designam estudiosos de x matéria se dedica prioritáriamente a criticas mordazes não fundamentadas e numa profunda ignorância sobre o que, ou quem difama.

Infelizmente este tipo de mentalidade e actitude encontra-se vulgarmente em qualquer blog, muitas vezes em livros e vezes de mais na televisão, pior, para além de ser admitido é aceite como comum e aceitável! Deviamo-nos formar e nos tornar em individuos autónomos e não nos manter inertes como parte de uma massa acéfala que segue o movimento, a ideia, o preconceito do fragmento de massa humana mais próxima, não questionando, aceitando e ululando ardentemente pelo dogma imposto por um incógnito desconhecido qualquer, sorrindo, cantando e marchando alegremente em direcção ao abismo. O 4º Reich está vivo e de boa saúde, bem mais discreto e subtil, aprendeu com os golpes do passado evoluiu. Encontra-se espalhado pela globalização utilizando substratos férteis e métodos subrepticios. Aqui têm o meu desafio: individualização.

A lei da entropia universal continua a ser dificil de contrariar, assim como a inércia, mais uma vez revejo aos mistérios da ciência e do ocultismo de mãos dadas. Ninguém nos vai acordar por nós...somos nós que temos de descobrir para lá das sombras, para lá do obvio, para lá dos nossos tenebrosos medos arcaicos, criticar, ousar...sublimar.

Maria de Naglowska anunciou que As Sacerdotisas do Amor se destinavam a preparar o futuro da Humanidade através da regeneração de Satanás e da iluminação pela Magia Sexual na Religião da Mãe Divina. Seguia o Trceiro termo da trindade do divino, sendo esta o Pai o filho e a Mãe, a primeira representa a religião hebraica do culto ao falo a supremacia do poder masculino, a Segunda a religião cristã da renuncia do acto sexual e a Terceira via, a religião da mãe que tem o poder de converter o mal em bem “A mãe apazigua a luta entre Cristo e Satanás, fazendo convergir estas duas vontades opostas numa única via de ascensão”. E aqui vemos esta perspectiva inovadora e refrescante de um satanismo femenino, baseado numa lógica no mínimo desconcertantemente obvia e funcional, apesar de os ideiais de maria tenderem para o utópico ou com uma ponta de extremismo e ser ligeiramente antiquada em alguns pontos a nivel da forma como a sexualidade femenina deve ser vivida, não há qualquer duvida que reformulou a forma como podemos ver a magia sexual e o caminho oculto das mulheres.

O templo do termo da terceira trindade seria edificado de novas ideias-formas para celebrar as missas de ouro. Estas ideias-forma seriam sem duvida a descêndência espiritual dos ritos sexuais sagrados, seriam os filhos mágicos da Nova Era.


Deixo-vos aqui para meditação este texto brilhante da moral satânica que Naglowska assinalou de La Lumiére du sexe, rituel d`initiation satanique selon la doctrine u Troisiéme Terme de la Trinité. (1933):

“combatereis em vós proprios a selavajaria, dominando todas as emoções: as que provêm da carne os sentimentos e da Visão das coisas novas. Em todos os momentos estareis frios por dentro, mas desempenhareis, com perfeição, exteriormente o vosso papel na comédia humana, respeitando escrupulosamente o "Código do Histrão" que vos ensinaram na Corte. sempre aprazíveis, sereis indiferentes para com todos. Não prefereis nem amareis ninguém, pois amar é atrair a imagem fluídica de alguém, de um outro. Ora ao atrairdes a imagem de um homem ou mulher profanos destruis a obra de purificação negra que empreendestes e está escrito: o que quiser vir a mim, deve abandonar pai, mãe e irmãos e irmãs, filhos e amigos " O Liberto da obediência da Corte dos Cavaleiros da flecha de ouro so têm irmãos aqui." o adepto responde "os meus unico unicos irmãos são os que aqui estemdem o círio".

No dia a dia “Cavalgar o corcel divino” é o lema do adepto, não se entregando a todos os desejos e espicaçando-os para acomulá-los como uma bateria de energia sexual, acomulando a energia dos desejos, acomulanndo ojas. Estimular a nossa própria animalidade para a dominar, conhecendo precisamente o seu poder. O seu poder animal, o poder sublime que não se esqueceu e que permanece intacto nos subterrâneos reptilinios do nosso cérebro, que deseja obcessivamente a procriação, o acasalamento. É exaltar a Besta e domá-la conscientemente, direciona-la para propósitos superiores ou mesmo utilitários. Cavalgar o corcel divino é recalcar voluntáriamente a excitação inata e através do trabalho mágico específico da Tadição, caminhar para atingir a iluminação espiritual.

Esta iluminação espiritual começaria pela iniciação conseguida através da energia sexual bipolar, ou seja femenina e masculina e posteriormente as iniciações seguintes correspondentes a aos três mistérios da trindade e aos quatro mistérios cardeias. A partir daqui “começa a aquisição dos poderes que conduzem á imortalidade, isto é, ruptura do círculo que nos encerra na natureza da espécie humana”(La flèche nº9 1932).

O papel de Sacerdotisa do Amor não é mais que o papel da Mulher Escarlate e a sua concepção de sacerdócio baseia-se no seguinte:

“É necessário que a Sacerdotisa do amor tenha vocação, isto é, que possa dar-se com o mesmo ardor físico a todos os machos que excita. Mas não é forçoso que os ame, estime ou admire individualmente, pois em cada homem ela deve saber amar, venerar e adorar mesmo o Perfeito do futuro. Dá o seu corpo em sacrificio e deve pôr nesta obra uma devoção igual á de qualquer religiosa... Não é pois, a afinidade fisica mutua entre dois corpos que contribui necessáriamente para a qualidade mágica da união, mas a sinceridade do sentimento religioso que anima a Sacerdotisa... A Sacerdotisa deve saber vibrar em uníssono com todas as vibrações masculinas que suscita, por mais variadas que estas sejam. Para além desta faculdade de acordo físico venusiano, quase universal, a Sacerdotisa, que não é nem a prostituta nem a viciosa que se entrega ao primeiro, a todos transmite as vibrações sublimes do seu ideal. E porque são criadoras, essas vibrações determinam no homem o despertar do conhecimento, a que chamamos Satanás regenerado, ou Lucifer”.

Tudo isto converge para a ideia deste Lucifer feminino, o Lucifer venusiano Estrela da Manhã que traz a luz de um novo dia de conhecimento....................

Naglowska considerou que o verdadeiro papel da mulher é o de educadora da humanidade , que a mulher treinada é quem tem o poder de redenção do mal através da magia do verbo e da carne.

Maria de Nglowska, trangrediu de mão firme as convenções sociais e esotéricas, desvendou os mistérios do oculto ao longo da sua vida e sublimou o papel da mulher e o seu trabalho mágico de mão esquerda, a mão lunar da mulher, o papel onde a mulher pode usar o seu verdadeiro poder, não do logos masculino, mas o poder da sua energia sexual para mudar o mundo.Atreveu-se a abrir o véu e encarar as trevas e incitou-nos abrindo o caminho e mostrando o poder do coito sagrado e da Luz do Sexo, poderes redescobertos mais uma vez e desenterrados dos antigos cultos ao longo de toda a História da Humanidade.

Babalon

O Antinomianismo


As Portas da Percepção foram o sonho de uma geração efervescente, mas onde anda o brilho do conhecimento e sabedoria prometidos, já abrimos as portas da percepção?...ou teremos de as escancarar, todos os dias na nossa vida, em direcção á iluminação,em direcção a um pouco mais de sabedoria a cada passo?...

As batalhas existem em todas as gerações sob variadas formas, nos anos 60 e 70 lutou-se por novas ideias, politicas e filosofias, os nossos pais deixaram-nos um legado para prosseguirmos o Caminho.

O Caminho mágico é uma travessia de paixão ao longo da vida e o seu brilho é vivido intensamente, a desmotivação tem de ser vencida todos os dias qual teste do nosso Adversário pela veracidade da nossa paixão, da nossa mais visceral motivação. No entanto em determinada altura questionamo-nos sob o tipo de acções a tomar com os novos cohecimentos adquiridos, como direccionar ou aplicar a Arte que tanto nos cativa, desencadeando por vezes uma viajem alucinatória e de transmutação mágica, ideal e moral que nos coloca em encruzilhadas mágicas ao longo da vida, verdadeiras crises mutagénicas que adquirem um carácter altamente pedagógico.

O véu moral e castrador adquirido durante a nossa educação é tão subtil que o encaramos como nossa personalidade e teimamos valentemente contra o contrário, no entanto a dificuldade inerente á evolução nas nossas vidas é uma capacidade extremamente dificil, e no entanto tão simples, a capacidade de ser crítico. Ao se adquirir a capacidade auto-crítica descobrem-se meandros incríveis de gestos, opiniões e hábitos com os quais não concordamos verdadeiramente. Este quotidiano moral e enclausurador dificulta a libertação dos nossos variados egos (ou personas segundo a origem grega na qual cada um de nós é contituido por várias personas, ou seja pessoas ou personalidades) , dificulta um acesso adequado a nós mesmos, dificultando consequentemente um trabalho mágico adequado. Por isso há uma ferramenta mágica, a trangressão. O antinomianismo sagrado é profundamente libertador, sabemos bem que os medos provêm do desconhecimento e por essa razão teremos de dar o salto no vazio, o salto no medo e enfrentarmos novos mundos, novos limites, o sacrilégio, a heresia. Destroi-se toda uma vida interior padronizada por uma cultura que nos modelou à sua imagem subtilmente ao longo do tempo, e descobrimos uma consciência mais alargada de nós mesmos e do que nos rodeia, é então uma exorcisação dos impulsos repressores que nos foram impostos directa ou subliminalmente que reprimem o nosso verdadeiro eu, podemos então renascer agora de forma mais verdadeira.

No entanto com a proibição e preconceito em relação à Bruxaria permite que só a sua actividade é, por si só, um acto de transgressão libertador potenciando a sua vivência sagrada e mística. Mas quem conhece apenas de forma superficial estes métodos poderá concluir de forma errónea e precipitada que estas ideias são profundamente satânicas. Crowley disse em 1933 que “Para praticar magia negra você tem de violar todo o principio da ciência, da decência e da inteligência”, ora compreede-se que o antnomianismo é importante nesta técnica mas deve ser utilizado com moderação funcionando como utensílio e não como objectivo final ou fundamental, é meramente um meio de auto-libertação sob o meu ponto de vista. A sua utilização como objectivo final e fundamental é um conceito antiquado gerado pela resposta de afirmação em relação a educações viemente cristãs repressoras que no mundo ocidental actual já se torna antiquada, não nos basta uma afirmação adolescente em relação ao cristianismo, esse é meramente o ponto de partida para se começar um estudo esotérico interessante. O que sucede é que existem muitos auto-denominados satânicos que utilizam esta técnica para fins francamente medíocres ou insanos abrangendo limites de origem criminal chamando nesse momento a atenção para esta matéria tão pouco conhecida e mitificada com conotações negativas. No entanto destas ocorrências derivam falácias descaradas, o facto de os individuos serem insanos é por mérito próprio e não por influência das suas práticas assim como a mediucridade subjacente a práticas juvenis e ignorantes do falsamente chamado “satanismo”. Pode diferenciar-se o satanismo de vertente cristianizada e de outras vertentes pagãs, existe também o satanismo tradicional e o moderno no entanto por hora não vou desenvolver este tema.

Não resisto a aqui deixar um texto de Thoreau, que todos conhecemos em The dead poets society.

Excerpt from Walden - Henry David Thoreau

“I went to the woods because I wished to live deliberately, to front only the essential facts of life, and see if I could not learn what it had to teach, and not, when I came to die, discover that I had not lived. I did not wish to live what was not life, living is so dear, nor did I wish to practice resignation, unless it was quite necessary. I wanted to live deep and suck all the marrow of life, to live so sturdily and Spartan-like as to put to rout all that was not life, to cut a broad swath and shave close, to drive life into a corner, and reduce it to its lowest terms, and if it proved to be mean, why then to get the whole and genuine meanness of it, and publish its meanness to the world; or if it were sublime, to know it by experience, and be able to give a true account of it in my next excursion. For most men, it appears to me, are in a strange uncertainty about it, whether it is of the devil or of God, and have somewhat hastily concluded that it is the chief end of man here to "glorify God and enjoy him forever."

Para sermos verdadeiramente livres a nossa mente tem de ser livre e para isso acontecer temos de libertar a nossa mente dos “pré-conceitos” istalados subrepticiamente na nossa mente ao longo da nossa educação e do nosso desenvolvimento, só então consegimos ser verdadeiramente críticos, e mais verdadeiros conosco e com o que nos rodeia, mas iluminados, atrevo-me a dizer mais luciferinos. Utilizo este termo deliberadamente pois o verdadeiro lucifer, etimologicamente o portador da luz, essa luz do conhecimento que necessita de uma destruição do ego para não nos destruir pelo fogo da sua sabedoria é a liberdade e o conhecimento que nos tranformam nesse homem evoluído, nesse homem que transporta a luz do conhecimento impunemente sem orgulho ou prepotência, é aquele que se auto-melhorou se atreveu a auto-transformar no que pensa que é o melhor de si quando o discernimento já está livre da influência perniciosa das hábitos standarizados, preconceitos perniciosos para a nossa evolução interior, para o nosso verdadeiro e prometido Quinto Império. Há que renunciar aos dogmas, há que ver o mundo por nós mesmos com o nosso verdadeiro olhar, não pelo que outrem indica que é verdadeiro e adequado, há que nos reiventarmos a nós próprios e reivindicarmos a nossa verdadeira herança.

Babalon