Tuesday, April 17, 2007





O Culto dos Mortos

As questões fundamentais da vida e da morte perturbam-nos ainda qual ferida infecta arquetipica do humano. E a vida após a morte...

Uma outra face do vampirismo relaciona-se com os cultos primordiais da humanidade, o culto dos mortos.

Certas vertentes abordam como desenvolver, alimentar, animar o corpo etérico, o que deixamos para lá da carne e dos ossos e do sangue...

Há que alimentá-lo, desenvolvê-lo treiná-lo até se tornar uma entidade independente. Durante a vida ir sorrateiramente pousando um pé na morte, para durante a morte ter um pé na vida.

O culto dos Mortos ainda hoje permanece vivo e de boa saude no mundo, nomeadamente em Portugal. As flores cripticas do cemiterio e a devoção dos parentes e amigos que continuam a relembrar os seus parentes e amigos mortos, os seus mortos anima-nos, no sentido de dar vida, conferem-lhe então um pouco dessa vida vagueante após a morte.

Como se pode ver estas técnicas de carácter vampirico estão profundamente enraizadas na nossa cultura, ao nome de vampirismo atribui-se o mal, ecos ainda das reminescências beatificas dos padres que martelam a maldade do que sempre esteve intrinseco na humanidade, o sentido de culpa de algo que é verdadeiramente humano...

Portão do cemitério dos prazeres ás 8:00 da manhã ao sábado, no frio matinal, uma multidão e flores coloridas amontoam-se á sua entrada mal os portões se abrem a multidão corre para os seus entes queridos cuidando das suas campas da sua dignidade, da sua saudade, as flores moribundas que alimentam os mortos com a sua vida escorrente e licorosa são renovadas e a sua inocência e odor decrépito emolduram essa união mistica dos mortos e dos vivos em amor e terror ancestrais, em saudade, em perpetuação intima e mistica como desde o inicio dos tempos.

Não são as fantasias de Ann rice com os seus belos e terrificos vampiros a que me refiro, mas uma vivência bem mais intima e fundamental...

Quanto ás maravilhas recantos e mistérios das missas negras vermelhas e de ouro, por ora nada digo...pois o mistério é o condimento da vida...e da morte.


Babalon